Aquele famoso amor.

O amor. Omoplatas de todo onironauta que um dia pousou no mais distante planeta da mais distante galáxia. O amor é algo inexplicável. Desmerecendo o lugar-comum, essa é a expressão que bem mais o define. Do ponto de vista conceitual e denotativo, o amor se mostra como uma aquisição favorável à uma melhor interação do ser humano com o meio que o cerca. Ou ainda o meio que esse cerca, levando em conta a vastidão da mente. Amar, teoricamente, é o florescer de alguns compostos carbônicos e impulsos elétricos e o acaso do encontro. Mas, sinceramente, na minha mais humilde e inofensiva opinião, tudo que se resume à um signo em uma folha de papel e pode ser plenamente interpretado objetivamente não merece existir em um plano de conotativo gigantesco que é a nossa existência.
O amor assume várias faces. O amor recíproco de uma criança pela mãe no segundo que essa nasce, o instinto maternal de cercar seu tesouro de todas as mazelas rastejantes do planeta. O desespero pela respiração que é rapidamente acalentado no morno colo da mãe.
O suspiro exasperado do amor daquele que morreu de amor. Do sujeito que, sem escapatória ao mundo, desistiu de seu "bem mais precioso" em nome de abdicar do amor, e assim encontrou o fim. Ou finalmente um começo. A morte provocada, desejada, esperada. Desesperada. Inevitável a morte.E o amor.
O amor e a morte andam juntos como irmãos, ainda que o abismo jure por todos os céus que esses são diferentes. Mas o amor e a morte são máscaras de um mesmo deus moribundo. Máscaras que regem a existência, sim, mas que são em sua essência mais pura: iguais. A cama, espectadora de diversas anedotas presenciais, em analogia ao deus se mostra como o objeto a carregar os mais pesados sentimentos. A paixão desenfreada de dois amantes. Adúlteros, talvez. Ou ainda os últimos suspiros desajeitados de um pai perante sua prole, que conta os bens do velho em sua contagem regressiva de vida. A morte não é, por definição, ruim. A morte é amar. Amar é morrer.
Todo onironauta que um dia pousou no mais distante planeta da mais distante galáxia o fez por amor. Ao próximo, ao anterior, à mulher (ou à outra). Por Deus, por deuses, por uma ideia e pela promessa de um dia não ter que sonhar mais. Ou o caralho que seja.
Minha dica, onironauta, é que ame até morrer.
E quem sabe, você morra de amores.

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